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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sri Damodarastaka

(encontrado no Padma Purana de Krsna Dvaipayana Vyasa, falado por Satyavrata Muni numa conversa com Narada Muni e Saunaka Rsi).


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“No mês de kartika, a pessoa deve adorar o Senhor Damodara e diariamente recitar a oração conhecida como Damodarastaka, que foi falada pelo sábio Satyavrata e que atrai o Senhor Damodara.” (Sri Hari-bhakti-vilasa 2.16.198)

Ao longo do mês de Damodara, os devotos comemoram o passatempo do travesso Senhor Krishna sendo amarrado com cordas por mãe Yashoda. Os devotos visitam os templos diariamente e oferecem pequenas lamparinas de ghi cantando mantras devocionais e orando pelas bênçãos do pequeno Damodara.

O Senhor Krsna é chamado de Damodara porque teve Seu abdômen amarrado por mãe Yashoda após fazer traquinagens. Mãe Yashoda estava batendo leite para fazer manteiga, e o pequeno Krsna apareceu com fome, querendo mamar. Mãe Yashoda interrompeu, então, a batedura, colocou seu amado filho em seu colo, e começou a dar-lhe de mamar. No entanto, pouco tempo depois, ela lembrou-se de que havia deixado o leite no fogo, de modo que colocou seu pequeno menino no chão e correu para a cozinha. Como ainda não estava plenamente satisfeito de aleito materno, o pequeno Krsna ficou furioso, e, para "descontar", quebrou o pote onde sua mãe estava batendo a manteiga. Achando pouco, Ele procurou outra coisa para aprontar, e empilhou um pilão e outros objetos até alcançar potes de manteiga (mantidos pendurados no teto para evitar que os macacos a roubassem), e deu, Ele mesmo, com Suas próprias mãos, delicadas e pequeninas, essa manteiga aos macacos, que fizeram a festa, derrubando manteiga e potes por todos os lados!

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Imaginem a feição de Mãe Yashoda ao encontrar o grande pote de manteiga quebrado e todo seu trabalho desfeito! Presumindo que seu pequeno travesso ainda estava aprontando, ela pegou uma pequena vara, usada pelos vaqueiros para tanger os bois, e saiu a espreitá-lO. Ah! Ao sentir a proximidade de Sua divina Mãe, o menino Krsna deu um pinote do pilão, e correu em disparada, tomado pelo medo. Mãe Yashoda desatou a perseguir seu filho Krsna, dando início a uma cena peculiar, saboreada pelos habitantes de Vrndavana, que se divertiam ao ver a linda mãe, cujos manto, flores e cabelos se desprendiam na correria, tentando segurar aquele menino danado, para que Ele não se machucasse fazendo outras travessuras como aquela. Ainda demonstrando muito temor pelo que poderia acontecer, com aquela varinha em Seu encalço, mas vendo Sua mãe cansada, a criança divina deixou-Se ser pega pelas costas. Segunda Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, em seu comentário sobre o Sri Damodarastakam, só dessa forma podemos alcançar a Suprema Personalidade de Deus: se Ele mesmo decidir entregar-Se, e deixar-Se alcançar pelo nosso esforço devocional.

Mãe Yashoda pensou então o que fazer com aquele menino inquieto, pois ela precisava recomeçar seu trabalho de bater manteiga e concluir outros afazeres domésticos. Como garantir que Ele não se machucaria até ela poder dar-Lhe atenção novamente? Ela buscou então rapidamente uma corda dentro de casa e pensou em amarrá-lO a um grande e pesado pilão, o que, para qualquer criança normal, garantiria sua imobilidade e segurança (como as mães que "amarram" seus filhos ao pé da mesa enquanto realizam os trabalhos domésticos). Enrolou a corda pelo pilão e pela cintura de Deus, mas na hora de dar o nó... as pontas da corda não se juntavam! Obviamente, foi buscar mais corda e emendou uma na outra, dando novamente a volta em torno de ambos, e... insuficiente para o nó! Mãe Yashoda começou a ficar confusa. Como isso está acontecendo? Ela presenciava atônita a situação, enrolava mais cordas, tentava dar nós, mas não era possível!

Em sua frente, aquela pequena criança, paralisada, aguardando o castigo "merecido" por suas traquinagens, observava Sua Mãe. Dela, ele via verter o amor, com o qual ela tentava protejê-lO. E foi esse amor que foi capaz de prendê-lO completamente, inclusive atando repentinamente os nós em volta de Sua barriga, dentro da qual, por duas vezes já, Mãe Yashoda havia visto toda a existência material e espiritual, com todos seus universos e entidades vivas, vendo inclusive a si própria com o seu pequeno Damodara nos braços. E isso deixou nossa jovem Mãe mais aturdida ainda: como, com as mesmas cordas, o que não era possível agora já era? Sem ter explicações, e não querendo mais pensar nisso, Mãe Yashoda apressou-se a adiantar o serviço pendente, com seu Damodara agora em "segurança".

Mas não pensem que a história termina aí! Qual pilão segura esse Menino Deus do corpo azul-dourado? Menino inquieto e experto, lembrou-se das duas árvores Arjunas em seu quintal. “A Suprema Personalidade de Deus, Sri Krsna, para cumprir a veracidade das palavras de um devoto excepcionalmente proeminente, Narada, lentamente foi para o ponto onde as árvores-gêmeas estavam posicionadas” (Srimad-Bhagavatam10.10.24). Narada Muni havia amaldiçoado Nakulava e Manigriva a nascerem como árvores por causa de sua arrogância. Eles nasceram então como duas árvores Arjuna, de mesma raiz. Mas, como Narada Muni queria apenas corrigi-los, abençoou-os a receberem do próprio Krsna krsna-prema-bhakti, amor puro por Deus, ao nascerem no quintal de Nanda Maharaj, pai de Damodara, nosso pequeno travesso. Agora as árvores gêmeas estavam vivendo no pátio de Nanda Maharaj, e Krsna lembrou-se: "Eu devo satisfazer o desejo de Meu devoto". Como se levasse uma leve folha, arrastou o pesado pilão atrás de Si, passando entre as duas árvores Arjunas, e derrubando-as com um gigantesco estrondo. Dos enormes troncos estendidos no solo manifestaram-se as formas resplandecentes dos dois habitantes celestiais, Nakula e Manigriva, que receberam, pela misericórdia do Senhor Damodara e de seu devoto, a benção de prema-bhakti simplesmente por serem derrubados por Seu pilão!


(1) namamisvaram sac-cid-ananda-rupam
lasat-kundalam gokule bhrajamanam
yasoda-bhiyolukhalad dhavamanam
paramrstam atyantato drutya gopya



Ao Senhor Supremo, cuja forma é a corporificação da existência, conhecimento e bem-aventurança eternos, cujos brincos em forma de tubarão se balançam para frente e para trás, que brilha lindamente no reino divino de Gokula, que [devido ao fato de ter cometido uma ofensa, quebrando o pote de iogurte que Sua mãe estava batendo para fazer manteiga e em seguida roubando o pote de manteiga que se mantinha pendurado num balanço] está correndo velozmente, tentando evitar o castigo no pilão de madeira, pois está com medo de mãe Yashoda, mas que foi pego pelas costas por ela, que correu atrás dEle com maior rapidez – a esse Senhor Supremo, Sri Damodara, ofereço minhas humildes reverências.


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(2) rudantam muhur netra-yugmam mrjantam
karambhoja-yugmena satanka-netram
muhuh svasa-kampa-trirekhanka-kantha-
sthita-graivam damodararm bhakti-baddham


[Ao ver a chibata na mão de Sua mãe,] Ele está chorando e esfregando Seus olhos repetidas vezes com Suas duas mãos de lótus. Seus olhos estão cheios de medo, e o colar de pérolas ao redor de Seu pescoço, que está marcado com três linhas como um búzio, está balançando devido a Sua respiração acelerada causada pelo choro. A esse Senhor Supremo, Sri Damodara, cuja barriga está amarrada não por cordas, mas pelo amor puro de Sua mãe, ofereço minhas humildes reverências.


(3) itidrk sva-lilabhir ananda-kunde
sva-ghosam nimajjantam akhyapayantam
tadiyesita-jnesu bhaktair jitatvam
punah prematas tam satavrtti vande


Com passatempos infantis tais como este, Ele está afogando os habitantes de Gokula em lagos de êxtase, e está revelando àqueles devotos que estão absortos em conhecimento acerca de Sua Suprema majestade e opulência que Ele só é conquistado pelos devotos cujo amor puro está imbuído de intimidade e está livre de todas as concepções de respeito e reverência. Com grande amor volto a oferecer minhas reverências ao Senhor Damodara centenas e centenas de vezes.


(4) varam deva moksam na moksavadhim va
na canyam vrne 'ham varesad apiha
idam te vapur natha gopala-balam
sada me manasy avirastam kim anyaih



Ó Senhor, embora possas conceder todas as espécies de bênçãos, não oro a Ti pedindo que me favoreças com liberação impessoal, nem com a mais elevada liberação, a vida eterna em Vaikunta, nem com alguma outra generosidade [que pode ser obtida com a execução dos nove processos de bhakti]. Ó Senhor, tudo o que desejo é que esta Tua forma como Bala Gopala possa sempre manifestar-se em meu coração, pois que me adianta alguma outra dádiva que não seja esta?


(5) idam te mukhambhojam atyanta-nilair
vrtam kuntalaih snigdha-raktais' ca gopya
muhus cumbitam bimba-raktadharam me
manasy avirastam alam laksa-labhaih



Ó Senhor, Teu rosto de lótus com tonalidade avermelhada, circundado por mechas de cabelo negro e macio, é repetidas vezes beijado por mãe Yashoda, e Teus lábios são avermelhados como a fruta bimba. Que esta linda visão de Teu rosto de lótus sempre se manifeste em meu coração. Milhares e milhares de outras bênçãos não têm sentido para mim.

(6) namo deva damodarananta visno
prasida prabho duhkha jalabdhi-magnam
krpa-drsti-vrsyati-dinam batanu-
grhanesa mam ajnam edhy aksi-drsyah



Ó Deus Supremo, ofereço-Te minhas reverências! Ó Damodara! Ó Ananta! Ó Visnu! Ó Mestre! Ó meu Senhor, fica satisfeito comigo! Lançando sobre mim Teu olhar misericordioso, liberta esse pobre tolo ignorante que neste mundo está imerso num oceano de lamentações, e torna-Te visível aos meus olhos.


(7) kuveratmajau baddha-murtyaiva yadvat
tvaya mocitau bhakti-bhajau krtau ca
tatha prema-bhaktim svakam me prayaccha
na mokse graho me 'sti damodareha



Ó Senhor Damodara, assim como os dois filhos de Kuvera – Manigriva e Nalakuvara – foram liberados da maldição lançada por Narada e se tornaram grandes devotos graças a Ti enquanto era um bebê amarrado por uma corda ao pilão de madeira, da mesma forma, por favor, dá-me Tua própria prema-bhakti. Só almejo isso e não tenho nenhum desejo de receber alguma espécie de liberação.

(8) namas te 'stu damne sphurad-dipti-dhamne
tvadiyodarayatha visvasya dhamne
namo radhikayai tvadiya-priyayai
namo 'nanta-lilaya devaya tubhyam



Ó Senhor Damodara, em primeiro lugar, ofereço minhas reverências à refulgente corda que amarra Teu abdômen. Em seguida, ofereço minhas reverências a Teu abdômen, que é a morada do Universo inteiro. Humildemente prostro-me ante Tua amadíssima Srimati Radharani, e ofereço minhas reverências a Ti, o Senhor Supremo, que manifesta passatempos ilimitados.

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