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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ELe o grande vaqueirinho ....Krishna

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Sua face de lótus

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Possa Sua forma como um pastor de vacas para sempre permanecer manifesta em meu coração

varm deva! moksam na moksavadhim va

na canyam vrne ‘ham varesad apiha

idam te vapur natha! gopala-balam

sada me manasy avirastam kim anyaih (4)


He Deva! Embora Você seja capaz de conceder qualquer benção, não oro a Você por liberação, vida eterna em Vaikuntha ou por qualquer outra benção (que possa ser obtida por executar os nove processos de bhakti). He Natha! varm deva! moksam na moksavadhim va

na canyam vrne ‘ham varesad apiha

idam te vapur natha! gopala-balam

sada me manasy avirastam kim anyaih (4)


He Deva! Embora Você seja capaz de conceder qualquer benção, não oro a Você por liberação, vida eterna em Vaikuntha ou por qualquer outra benção (que possa ser obtida por executar os nove processos de bhakti). He Natha! Possa Sua forma como um pastor de vacas para sempre permanecer manifesta em meu coração – a não ser isso, qual a utilidade de qualquer outra benção?
– a não ser isso, qual a utilidade de qualquer outra benção?


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A HISTÓRIA DE KRISHNA

por Ligia Cabus (Mahajah!ck)

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Muito atual o enfoque deste texto em que o seres realmente NOBRES e filhos da luz quando alcançam um pouco mais de poder neste pobre planeta, encontram os parasitas que não podem ver sua luz, e ficam cegos de com qq ilusão. Sua ignorância fica ameaçada pelo amor e a sabedoria eterna, por que será, e suas almas fracas se contentam com uma vida espiritual miserável? Como conseguem se fossilizar tanto, evitar de apenas seres discípulos do aprender...

Segundo crença tradicional, baseada em detalhes encontrados nas escrituras hindus, Krishna nasceu em 19 de julho do ano de 3.228 a.C.. Ele é considerado o 8º avatar de Vishnu, "deus com a face humana". Na teologia brâmanes, Vishnu é a segunda pessoa da Trindade hindu, a Trimurti. Nesta Trindade, em analogia superficial com a Trindade Católico-cristã , Brahma é o Pai, Vishnu é o Filho e Shiva, o Espírito Santo.

Um avatar é a encarnação de um ser superior, um Deva, para uns; o próprio Ser Supremo para outros — Deus entre os homens e, de fato, segundo as céu. No Bhagavat-Gita ou O Canto do Senhor, o próprio Krishna explica ao discípulo Arjuna sua encarnação:
Oh Arjuna, tanto vós como eu temos passado por muitos nascimentos. .. Embora eu seja não-nato e de natureza imutável, e embora eu seja o Senhor de todos os seres, ainda assim, governando minha Prakriti [natureza, matéria primordial] e pelo meu próprio Maya, assumo a condição de ser. Ó Bharata [Arjuna], sempre que há declínio da virtude e predominância do vício, encarno-Me. Para a proteção do bom e destruição dos mal-feitores e para o restabelecimento do Dharma [virtude e religião, ou a Lei] sou nascido de era em era. [BAGHAVAD-GITA - trad. Sodré Vianna — In A Sabedoria da Índia de Lin
Yutang. Rio de Janeiro: Pongetti, 1955 - p 77]

O guru krishnaísta Sua Divina Graça Swami Prabhupãda, Fundador-Ãcãrya da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna, relata o episódio da encarnação de Krishna segundo o décimo canto do Srimad-Bhãgavatam de Srila Vyãsadeva:

Uma vez, o mundo se viu sobrecarregado com a força defensiva desnecessária de diferentes reis, que na realidade eram demônios mas se faziam passar pela ordem real. Nesse tempo, o mundo inteiro ficou em desordem, e a divindade predominante desta terra, conhecida como Bhumi foi ter com o Senhor Brahma para falar-lhe das calamidades causadas pelos reis demoníacos. ...

Então mobilizaram- se o Senhor Brahma e todos os Devas para consultar a Suprema Personalidade de Deus, Vishnu, que revelou seu próprio aparecimento, muito em breve, na Terra juntamente com Suas poderosas potências supremas, e enquanto Ele permanecesse no planeta Terra para executar Sua missão de aniquilar os demônios e estabelecer os devotos, os semideuses também deveriam permanecer ali para ajudá-lo. Todos eles deveriam nascer imediatamente na família da dinastia Yadu, onde o Senhor também apareceria na ocasião oportuna.

OS NOMES DE KRISHNA

Krishna é conhecido por vários outros nomes e títulos. A tradição Gaudiya tem uma lista com 108 nomes. Os mais usados incluem:

Adidev: O Senhor dos senhores
Balgopal: O Todo Atrativo; o menino Krishna
Chaturbhuj: O Senhor dos quatro braços
Dayalu: Depósito de toda a compaixão
Govinda: Aquele que agrada as vacas, a Terra e a natureza inteira
Gyaneshwar: Senhor do Conhecimento
Hari: O Senhor da Natureza
Jagadisha: O Protetor de todos
Kamalnayan: O Senhor que tem os olhos como o lótus
Manohar: Senhor da beleza
Murali: Senhor de toda a doçura; Senhor da flauta
Narayana: O refúgio de todos
Prabrahmana: A Suprema e Absoluta Verdade
Ravilochana: Aquele cujos olhos são o Sol
Trivikrama: Vencedor de todos os três mundos
Upendra: Irmão de Indra
Vishwatma: Alma do universo
Yogi: O Mestre Supremo

O local de seu nascimento é conhecido atualmente como Krishnajanmabhoomi, onde um templo foi erguido em sua honra. In WIKIPEDIA | PT

AS DEZ ENCARNAÇÕES DE VISHNU — Para os hinduístas [religiosidade popular], os brâmanes [sacerdotes Iniciados] e teósofos [budismo-bramâ nico no Ocidente], Vishnu encarnou-se em 10 diferentes formas (animal e humana) para salvar o mundo do desastre. As dez encarnações de Vishnu são:

1) Matsya - tomando a forma de peixe [fig. esq.]

2) Kurma - tomando a forma de tartaruga

3) Varaha - tomando a forma de javali

4) Narasimha - tomando a forma de metade homem e metade leão

5) Vamana - tomando a forma de um anão

6) Parasurama - tomando a forma de "Rama" com um machado

7) Rama - o príncipe de "Ayodhya" em forma humana

8) Krishna - uma das mais reverenciadas encarnações de Vishnu em forma
humana. [fig. centro]

9) Buddha (ou Buda) - encarnação humana como príncipe Sidarta Gautama, o
Buda Sakyamuni [560-480 a.C..]

10) Kalki - montando um cavalo, em forma humana. [Encarnação ainda futura -
fig. esq.]

Existem duas versões do nascimento de Krishna e a diferença fundamental entre elas refere-se à mãe do avatar, a princesa chamada Devaqui. Na lenda, Devaqui concebe virgem, tal como, séculos e séculos depois, Maya concebeu Sidarta Gautama, o Buda Sakyamuni e Maria concebeu Jesus. Nos registros históricos recolhidos em escrituras indianas, como Mahabharata, o Harivamsa, Bhagavat Purana e Vishnu Purana, Devaqui é casada com Vasudeva. Nas duas
versões, porém, o contexto histórico e as personagens são os mesmos.

Lenda & História *****

A versão lendária, apresentada abaixo, onde uma Devaqui virgem que concebe o Filho de Deus, foi extraída da obra de Édouard Schuré, Os Grandes Iniciados: [Exilada de sua pátria, vivendo entre os anacoretas, um dia, Devaqui caiu em êxtase profundo]. ...Dir-se-ia que pelos seus ouvidos perpassava uma música celeste, como que o marulhar de um oceano de harpas e vozes divinas. Súbito, o céu abria-se em abismos de claridade. Milhares de seres esplêndidos a contemplavam, enquanto no brilhar de um raio fulgurante lhe aparece, sob forma humana, o sol dos sóis, Mahadeva [O Deus do Deuses, o Maior dos Deuses]. E, então, tendo sido fecundada pelo Espírito dos Mundos, ela perdeu o conhecimento, e, em um alheamento da terra, em uma felicidade sem limites,
concebeu filho divino. [KRISHNA Col. Os Grandes Iniciados nº 2. Édouard Schuré - trad. Domingos Guimarães. São Paulo: Martin Claret, 2003]

Esq.: O rei Kamsa é admoestado pela deusa Durgã, que tomou o lugar de
Krishna no berço. Dir.: O nascimento de Krishna: Ele se manifestou na forma de Vishnu, com seus quatro braços e todos os seus atributos. Devaqui e Vasudeva tiveram certeza que traziam ao mundo o Filho de Deus.

O Krishna histórico é um personagem que aparece em referências de várias escrituras sagradas indianas. Tal como outros grandes mestres da Humanidade, Khrisna nasceu em família real - como Buda, que era príncipe do clã Sakyamuni; como Jesus, que pertencia à Casa do Rei Davi.

Krishna veio ao mundo na dinastia de Matura [Mathura ou Madurá], governante do país de Matura [hoje, no estado indiano de Uttar Pradesh]. Filho da princesa Devaqui com o sábio Vasudeva, era sobrinho do rei Kamsa que, sequioso de poder, assumira o trono depois de encarcerar o próprio pai. Devaqui era irmã de Kamsa [outras versões, dizem prima]. Além de trair o pai [rei Ugrasena], Kamsa, em sua ambição, aliou-se ao mago negro Calanemi, rei dos Iávanas, "rei das serpentes", seguidor da sangrenta deusa Kali, amigo dos demônios raksashas.

Kamsa firmou sua aliança casando-se com a pérfida filha de Calanemi, a
princesa Nixcumba. Logo, Nixcumba tornou-se a favorita do rei Kamsa. Ele estava totalmente enfeitiçado pelos encantos da mulher. Ela, em conchavo com o pai, que pretendia expandir cada vez mais seus domínios sombrios, ansiava por conceber um filho. A criança herdaria o país de Mathura. Entretanto, Nixcumba não engravidava. Fez todas magias, todos os rituais, mas seu corpo permanecia estéril como a areia do deserto.

Foram, então, convocados todos os magos e sacerdotes para que fizessem uma poderosa invocação aos deuses em favor da fertilidade de Nixcumba. Os oráculos, porém, confirmaram a esterilidade da princesa e ainda indicaram aquela que seria a mãe do herdeiro de Mathura: Devaqui, irmã do rei, casada com o sábio Vasudeva, que tinha 16 esposas.
Segundo a previsão, o oitavo filho de Devaqui [algumas versões dizem o
sétimo] estava destinado a reinar em Mathura. Deste momento em diante, Kamsa e Nixcumba, passaram a tramar contra a vida de Devaqui e sua prole. Como primeira providência, o casal foi preso, para que não tivesse filhos sem que o rei soubesse; cada filho deveria ser apresentado a Kamsa e este, decidiria o destino da criança. O plano era matar todos os filhos de Devaqui, uma medida de precaução.

Diz-se que Kamsa foi o mais demoníaco de todos os reis da dinastia Bhoja. Imediatamente após ouvir a profecia do céu, ele agarrou o cabelo de Devaki e estava a ponto de matá-la com sua espada. ...Vasudeva pediu que Kamsa não tivesse inveja de sua irmã recém-casada. Não se deve ter inveja de ninguém porque a inveja é a causa do temor tanto neste mundo como no próximo quando se está perante Yamarãja (o senhor do castigo depois da morte). Vasudeva apelou para Kamsa em favor de Devaki, afirmando que ela era a sua irmã mais nova. ... "A situação é especialmente tão delicada", concluiu Vasudeva, "que
se você matá-la, irá de encontro à sua alta reputação".
[In O LIVRO DE KRISHNA — BHAKTIVEDANTA SWAMI PRABHUPÃDA]

Kamsa matou seis crianças que Devaqui gerou; a sétima, Devaqui abortou num episódio curioso pois, este filho, não-nascido, reencarnaria, logo após a morte no ventre da mãe, em outro menino que estava sendo concebido, naquele momento, pela sexta esposa de Vasudeva, Rohini. De certa forma, por meio da reencarnação, o sétimo filho de Devaqui sobreviveu e foi chamado Balaramã.

Quando Devaki ficou grávida pela sétima vez, dentro de seu ventre apareceu uma expansão plenária de Krishna conhecida como Ananta [ou Sesa]. Devaki foi dominada tanto pelo júbilo quanto pela lamentação. Ela estava jubilante, pois podia compreender que o Senhor Visnu Se abrigara dentro de seu ventre, mas ao mesmo tempo lastimava-se, porque logo que seu filho aparecesse, Kamsa.

O mataria. Nessa ocasião, Visnu, a Suprema Personalidade de Deus,
compadecendo- Se do estado de pavor dos Yadus [homens santos], causado pelas atrocidades cometidas por Kamsa, mandou que Sua yogamãyã (ou Sua potência interna) aparecesse.

Assim, o Senhor informou a Yogamãyã: "Devaki e Vasudeva encontram-se na prisão de Kamsa e neste momento Sesa, minha expansão plenária, está dentro do ventre de Devaki. Você pode arranjar a transferência de Sesa do ventre de Devaki para o ventre de Rohini. Depois deste arranjo, vou aparecer pessoalmente no ventre de Devaki com Minhas potências completas. Então aparecerei como o filho de Devaki e Vasudeva. E você aparecerá como a filha de Nanda e Yasoda em Vrndãvana [em Gokula]".

Balaramã, foi companheiro de Krishna em suas aventuras e na versão histórica ambos terminaram seus dias na "cidade de ouro" de Dawaraka, na costa sul indiana. Krishna, evidentemente, também escapou da morte. A criança nasceu com todos os atributos da divindade: "quatro mãos, segurando o búzio, a maça o disco e a flor de lótus... usando o colar adornado com a pedra kaustubha, vestido em seda amarela, deslumbrante como uma brilhante nuvem negra, usando
um elmo ornado com a pedra vaidurya, valiosos braceletes, brincos e outros ornamentos similares por todo o Seu corpo e muito cabelo sobre Sua cabeça" [PRABHUPÃDA].

O prodígio desta forma e atributos sobrenaturais, ao nascer, foi a maneira direta de Vishnu-Krishna fazer saber a seu pai terreno, Vasudeva, que ali estava o Filho de Deus. Outros fenômenos manifestaram- se, na Terra e em todo o Universo glorificando a chegada do Deus que ia estar entre os homens.

Entretanto, a manifestação terrena do avatar, o corpo físico do
recém-nascido Krishna, era um corpo mortal e, portanto, ainda sujeito a ser morto rei Kamsa, tal como acontecera aos seis irmãos que o precederam. Por isso, depois de se revelar em aspecto divino a Vasudeva e Devaqui, Krishna assumiu a forma humana, um bebê como tantos outros.

Vasudeva, percebendo o perigo da situação, afligia-se, pois Kamsa logo
saberia do nascimento do oitavo filho de Devaqui. Todavia, o próprio Krishna resolveu o problema. Ele disse: "Sei que vocês estão muito preocupados comigo e com medo de Kamsa. Por isso ordeno que Me levem imediatamente para Gokula e Me substituam pela filha que acaba de nascer de Yasodã". Para sair do palácio levando a criança, Vasudeva contou com o auxílio miraculoso dos Devas:

Conforme ordenou-lhe a Suprema Personalidade de Deus, Vãsudeva tentou tirar seu filho do quarto do parto, e exatamente nesse momento nascia uma menina de Nanda e Yasodã. Ela era Yogamãyã, a potência interna do Senhor. Pela influência desta potência interna (Yogamãyã), todos os residentes do palácio de Kamsa, especialmente os porteiros, foram dominados por um sono profundo, e todas as portas do palácio se abriram, embora estivessem trancadas e agrilhoadas com correntes de ferro. A noite estava muito escura, mas logo que Vãsudeva pôs Krishna em seu colo e saiu, ele pôde ver tudo exatamente como se estivesse à luz do sol.

Todas as portas da prisão se abriram automaticamente. Ao mesmo tempo
trovejou no céu e caiu uma chuva torrencial. Enquanto Vãsudeva levava seu filho Krishna debaixo da chuva, o Senhor Sesa na forma de uma serpente estendeu seu cabelo sobre a cabeça de Vãsudeva para que a queda da chuva não o dificultasse. Vãsudeva alcançou as margens do Yamunã e viu que as águas do Yamunã bramiam onduladas e que toda a extensão do rio estava cheia de espuma.

Ainda assim, o rio furioso abriu passagem para Vãsudeva atravessar, como o grande Oceano Índico abriu um caminho para o Senhor Rãma enquanto Este construía uma ponte sobre o golfo.
Dessa maneira, Vãsudeva atravessou o rio Yamunã. Chegando ao outro lado, Vãsudeva se dirigiu à casa de Nanda Mahãraja situada em Gokula, onde encontrou todos os pastores de vacas dormindo profundamente. Ele aproveitou a oportunidade para entrar silenciosamente na casa de Yasodã, e sem dificuldade trocou seu filho pela menina que acabara de nascer na casa de Yasodã. Então, depois de entrar silenciosamente na casa e de trocar o menino pela menina, ele regressou à prisão de Kamsa e em silêncio colocou a menina no colo de Devaki. Vãsudeva se algemou novamente para que Kamsa não pudesse
se aperceber de que tinham acontecido tantas coisas. [Idem]

Como se viu no começo da história, quando Vishnu decidiu se manifestar na
Terra em forma humana, também muitos os Devas ou semi-deuses, deveriam
encarnar como auxiliares físicos e metafísicos da divindade. Personagens
como Rohini, que abrigou em seu ventre e deu a luz a Balaramã; e Yosodã,
cuja filha tomou o lugar de Krishna; e a própria menina, chamada Yogamãyã ou
a deusa Durgã em forma humana, além de Devaki e Vasudeva, todos são devas
encarnados à serviço do Filho de Deus.

Perseguição do Rei Kamsa
Kamsa, logo ficou sabendo que sua irmã dera à luz outro filho. Dirigiu-se
imediatamente à prisão a fim de matar mais uma criança e, desta vez, a
criança mais perigosa. Porém, Krishna já havia sido trocado no berço. Ali
acomodava-se agora a menina Yogamayã, contra quem o rei demônio dirigiu sua
fúria. Porém, o corpo da recém-nascida, animado por uma potência de Vishnu,
assumiu a forma a deusa Durgã e repeliu o carrasco. Durgã censurou o
comportamento de Kamsa e revelou: o menino que ele procurava havia nascido e
vivia longe dali. Depois disso a deusa desapareceu, retornando à sua morada
planetária.
Frustrado e amedrontado, Kamsa reuniu seus conselheiros, todos demônios que
deliberaram matar todos os meninos nascidos em Mathura nos últimos dez dias.
Certamente o 8º filho de Devaqui seria alcançado por essa medida. Resolveram
também, que a melhor maneira de derrotar Vishnu e suas "encarnações" era
atacar todos os seus devotos e, assim, iniciaram uma dura perseguição aos
anacoretas, os sábios religiosos.
Para matar os meninos foram requisitados os serviços de demônios do tipo
Putanã, bruxas que dominavam poderosos feitiços do mal. Enquanto isso,
Krishna era festejado no seio da família de Yosodã. Yosodã era mulher de
Nanda, tio de Krishna, irmão de Vasudeva. Nanda era um marajá que liderava
uma comunidade de pastores em Gokula, localidade do norte da Índia.
Naqueles dias, chegou a Gokula uma das putanãs, disfarçada, com a aparência
de uma bela e distinta mulher. Introduziu-se na casa de Nanda e Yosodã e
acercou-se de Krishna. Tomou o menino nos braços e lhe ofereceu o seio, que
havia untado com um veneno fatal. Krishna soube perfeitamente que se tratava
de uma assassina, não queria fazer mal a nenhum ser vivente porém sua missão
era exterminar todos os demônios que corrompiam a Terra.
A putanã foi o primeiro demônio eliminado. Krishna aceitou o seio mas, ao
sugar o leite, o veneno, em nada o afetou; ao contrário, a demônia, a ter o
leite sugado, viu esvair-se junto toda a sua energia vital e morreu
instantaneamente. Krishna começou sua vida e sua missão derrotando seus
inimigos.

KRISHNA: PROEZAS DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
Quando era apenas um bebezinho e nem mesmo enxergava direito, ele matou
Pütanã, uma terrível demônia... Quando tinha um ano de idade, ele foi levado
pelo demônio Trnãvarta que estava disfarçado de redemoinho; e embora tivesse
sido levado bem alto no céu, Ele simplesmente agarrou-Se ao pescoço do
demônio e forçou-o a cair, provocando a morte imediata do demônio.
...Certa vez, quando ele e Balarãma, Seu irmão mais velho, estavam guardando
os bezerros na floresta, apareceu um demônio chamado Bakãsura, e Krishna com
um golpe bifurcou os bicos do demônio. Quando o demônio conhecido como
Vatsãsura, desejoso de matar Krishna, misturou-se com os bezerros que
Krishna guardava, Krishna logo descobriu o demônio, matou-o e atirou-o
contra uma árvore.
Quando Krishna e Balarãma entraram na floresta de Talavana, o demônio
conhecido como Dhenukäsura, na forma de um asno, atacou-Os e foi morto
imediatamente por Balarãma, que agarrou-o pelas pernas traseiras e atirou-o
contra uma palmeira. Embora Dhenukäsura fosse ajudado por seu bando, que
também tinha forma de asnos, todos foram mortos, e então a floresta de
Tälavana foi aberta para uso dos animais e habitantes de Vrdãvana.

Quando Pralambãsura misturou-se com os pastorzinhos de vacas, que eram
amigos de Krishna, Este fez com que Balarãma o matasse. Depois disso Krishna
salvou seus amigos e vacas de um violento incêndio na floresta e castigou a
serpente Käliya, que se encontrava no lago Yamunã, obrigando-a a deixar as
proximidades do rio Yamunã; desse modo, Ele desenvenenou as águas do Yamunã.
[PRABHUPÃDA - Histórias de Krsna p 26]

A Infância e a Juventude
O garoto cresceu entre os pastores de Gokula, relativamente afastado do
mundo de corrupção e violência instituído pela perversidade do rei Kamsa.
Krishna era muito alegre, entretanto, cada vez mais freqüentemente, o
radiante" tinha momentos de profunda introspecção. Sua face ficava sombria e
afastava-se de todos. Parecia preocupado com um dilema de difícil solução.
Buscava o sentido de sua vida.
Por mais que a comunidade de pastores de Gokula estivesse relativamente à
salvo de perseguições, o rei Kamsa continuava matando os homens santos e sua
maldade se espalhava por toda a Índia. Aos 15 anos, Krishna, em um de seus
afastamentos, teve uma visão. Apareceu-lhe Vasixta, o mais sábios entre os
sábios. Era velhíssimo. Envolto em auréola de luz, disse ao jovem: "O que
procuras encontra-se junto àquele que nunca muda. Procura. Neste mundo, Tu
degolarás o touro e esmagarás a cabeça da serpente. Filho de Mahadeva, Tu e
eu formamos apenas Um, N'Ele. Procura-O. Procura sempre" — Vasixta abençoou
Krishna e desapareceu.

LENDA & ESOTERISMO: A ASCENSÃO DE DEVAKI
A biografia de Krishna, este relato de mais de 5 mil anos, tem pontos de
contradição, onde lenda e fato histórico se misturam. Mas não se trata
apenas de lenda e história, misturam-se também, realidade física e realidade
metafísica. Como no episódio do nascimento: em uma versão, Krishna nasce da
virgem Devaqui; em outra, nasce da união entre Devaqui e Vasudeva. De todo
modo, entende-se que Vishnu, o Mahadeva, Grande Deus, serviu-se do veículo
físico de Devaqui para nascer como o ser humano Krishna. A própria Devaqui,
é um Deva, um Espírito Superior encarnado para servir ao Criador de Todas as
Coisas.
O destino de Devaqui também tem duas versões. A Devaqui que concebe virgem,
foge. Com a ajuda dos Devas, ela escapa à sanha assassina de seu irmão, o
rei Kamsa. Encontra abrigo entre os anacoretas, homens santos que vivem no
coração da floresta, devotos de Vishnu, seguidores do guru Vasixta [citado
acima]. Krishna nasce e cresce, até os 15 anos, ignorando tudo sobre sua
origem. Conhece apenas sua mãe, Devaqui, a quem adora. Então, Devaqui
desaparece". Conta a lenda que ela ascendeu, subiu aos céus, em mais uma
coincidência" [?] com as histórias de Maya, mãe do Buda Sakyamuni, e Maria,
mãe de Jesus.
Em Os Grandes Iniciados [Schuré, 2003], Devaqui desaparece quando Krishna
tinha 15 anos, ou seja, na época em que o avatar começa a sentir se aproxima
o momento de começar sua missão. As depressões de Krishna são explicadas
pela tristeza que lhe causa a ausência da mãe. Ele encontrará Devaqui mais
tarde, em uma "visão" ou transcendência, nas "esferas celestiais":
"Um clarão fendeu o céu negro e Krishna tombou por terra... Enquanto seu
corpo se tornava insensível, a sua alma... ascendia aos espaços... " Krishna
mergulhou num oceano de luz e Krishna viu Devaqui. Milhares de Devas vinham
banhar-se no resplendor que irradiava da Virgem-Mãe... Krishna sentiu que
era o Filho, a alma divina de todos os seres, a Palavra de Vida, o Verbo
Criador... "

Krishna — O Guerreiro
A aparição, as palavras do sábio Vasixta, iluminaram o entendimento de
Krishna. Ele, que desde criança matara inúmeros demônios, salvando a si
mesmo e a seus amigos, deveria, agora, combater para salvar o mundo. Voltou
à comunidade e, reunindo seus companheiros, conclamou-os: "Lutemos contra os
touros e as serpentes; defendamos os bons e esmaguemos os maus" [SCHURÉ,
2003].
Ora, Krishna era muito amado; Ele é o "todo atrativo"; assim, os pastores
transformaram- se em guerreiros que enfrentaram tiranos e "libertaram tribos
oprimidas" [Idem]. Khrisna foi vitorioso em todas as suas lutas porém não
encontrava o sentido da vida e meditava nas palavras do sábio Vasixta.
Um dia ouviu falar de Calanemi. Soube que era o rei da serpentes e decidiu
ir ao encontro do bruxo. Diante de Calanemi, pediu para lutar com o mais
terrível dos monstros entre os que serviam ao soberano das víboras, a
serpente Kâlyia: "...um enorme réptil de um azul esverdeado.. . o corpo
espesso ...a crista vermelha ...o olhar penetrante ...a cabeça monstruosa
coberta de escamas luzidias". [SCHURÉ, 2003 p 67].
[Krishna] Olhou a serpente e lançou-se de súbito sobre ela, agarrando-a por
debaixo da cabeça. O homem e a serpente rolaram então pelas lájeas do templo
Mas, antes que o réptil pudesse enlaçá-lo nos seus anéis, Krishna
decepou-lhe a cabeça com um golpe de seu alfanje e, desprendendo- se do corpo
que ainda se retorcia, o moço vencedor ergueu na mão esquerda a cabeça da
serpente.
Esta cabeça, porém, vivia ainda; olhava obstinadamente Krishna e dizia-lhe:
Por que é que me mataste, filho de Mahadeva? Crês encontrar a verdade
aniquilando o que vive? Insensato! Ah! Não a encontrarás senão quando tu
próprio agonizares. A morte está na vida, a vida está na morte... "

Krishna — Mestre Espiritual
Impressionado com que a serpente dissera, Krishna abandonou suas lutas e
voltou a Gokula. Ali, triste notícia o esperava: o sábio Vasixta morrera,
assassinado pelo rei Kamsa. "Os anacoretas saudaram Krishna como o sucessor
esperado de Vasixta" e entregaram a ele o bordão de sete nós, símbolo do
poder espiritual.
Em seguida, Krishna retirou-se para o monte Meru [no Tibet, hoje] para ali
meditar a sua doutrina e descobrir a via da salvação humana. Duraram sete
anos as suas meditações e as suas austeridades. Passado esse tempo, ele
sentiu que a sua natureza divina dominara sua natureza terrena para merecer
o nome de filho de Deus. Só então chama a si os anacoretas, os moços e os
velhos, a fim de lhes revelar sua doutrina....
Depois de ter instruído seus discípulos sobre o monte Meru, Krishna
transportou- se com eles à beira dos rios Yamunã e Ganges, a fim de ensinar o
povo. Entrava pelas cabanas e demorava-se nas vilas. A multidão agrupava-se
à sua volta... O que ele pregava ao povo era, acima de tudo, a caridade para
com o próximo. [SCHURÉ, 2003]

Enquanto isso, Kamsa, que continuava perseguindo os religiosos seguidores de
Vishnu, ficou sabendo das aventuras de Krishna. O próprio bruxo Calanemi
contara sobre como o herói cortara a cabeça do mais monstruoso réptil do
mundo. Kamsa sabia, portanto, que o filho de Devaqui sobrevivera e, segundo
a profecia, deveria matá-lo e reinar sobre Maturá.
O rei demônio vivia em estado de pavor. Quando foi informado que Krishna se
tornara um líder anacoreta, ainda assim não sossegou. Ao contrário, decidiu
que era chegada a hora de exterminar de vez aquela ameaça. Mandou um grupo
de soldados prenderem o Mestre que pregava às margens do rio Ganges. Porém,
os soldados, chegando ao rio, vendo Krishna, ouvindo Krishna, desistiram de
seus propósitos e, ao invés de prenderem Krishna, tornaram-se discípulos
dele.

Inconformado, Kamsa convocou seus mais notáveis guerreiros e designou que
trouxessem o inimigo acorrentado. Mas também estes, ao escutarem a doutrina,
retornaram ao palácio e disseram ao rei: "Não pudemos trazer este homem. É
um grande santo e nada tens a temer dele. Vendo o rei que tudo era inútil,
fez triplicar os guardas e reforçar com cadeias de ferro todas as portas da
cidade. Um dia, porém, ouviu um grande tropel nas ruas, gritos de alegria e
triunfo" [SCHURÉ, 2003].
O povo tinha forçado as portas e Krishna entrava em Maturá. Seguiam-no seus
discípulos e muitos anacoretas. A multidão aclamava o Mestre, os bramanes
saudavam o filho de Devaqui, vencedor da serpente, o herói do Monte Meru,
profeta de Vishnu. Sem que nenhum obstáculo se interpusesse em seu caminho,
entrou no palácio onde encontrou o rei Kamsa, acossado por seus próprios
guardas, amedrontado; e a rainha Nixcumba, destilando seu veneno,
enrodilhada num canto. Krishna diz a Kansa:
— Tu não tens reinado senão pela violência e pelo mal. Merece mil mortes
porque assassinaste o velho Vasixta. Todavia, não morrerá ainda. Quero
provar ao mundo que não é matando que se triunfa dos inimigos vencidos, mas
sim perdoando-lhes. [SCHURÉ, 2003]
Kamsa e a pérfida rainha foram exilados sob a vigilância dos brâmanes.
Quanto ao trono de Madurá, Krishna abriu mão, não queria reinar. Entre seus
discípulos existia um especialmente nobre, de estirpe e de espírito: Arjuna,
um Pandava, herdeiro dos reis solares, opositores dos reis lunares, os Kurus
que dominavam a Índia naqueles tempos. Arjuna tornou-se rei de Madurá mas a
autoridade suprema foi concedida aos brâmanes, sacerdotes de Vishnu, que
formaram um conselho.
O conselho dos brâmanes foi instalado em uma povoação que Krishna fez
construir para manter os líderes à salvo de perseguições. Esta povoação,
chamada Duarca, localizada entre entre as montanhas, era defendida por uma
alta muralha. Ali foi erigido um templo dos Iniciados, cujo centro
ocultava-se no subterrâneo.

Mahabaratha: A Guerra Entre os Pandavas e os Kurus
A ascensão de Arjuna, um guerreiro solar, ao trono de Madurá, desagradou
imensamente os reis lunares que governavam reinos e principados indianos.
Era um avanço dos adeptos da luz que não podia ser tolerado pelos devotos
das sombras. Deflagrou-se uma guerra; Pandavas e Kurus preparavam-se para um
sangrento combate.
Arjuna, líder dos Pandavas, contemplava a movimentação dos exércitos na
planície. Seu coração estava apertado. Estava tomado pela tristeza. Era um
discípulo de Krishna e tinha tomado horror às matanças, posto que todos os
seres viventes eram filhos de Mahadeva.
Arjuna fraquejava justamente quando a luta estava prestes a começar. Neste
momento, Krishna, que deveria estar em Duarca, apareceu para socorrer Arjuna
em sua inquietação. O diálogo que se segue entre Arjuna e Krishna é uma das
passagens mais famosas do Bagavad-Gitã.
O problema de Arjuna era ter de matar pessoas, muitas, conhecidas dele,
outras tantas, parentes de sangue, todos seres vivos, filhos de Deus. Apesar
de Pandavas e Kurus estarem em lados opostos, havia entre eles complexos
laços de família. Não seria, toda aquela violência, contrária a tudo o que
ensinava a doutrina? Krishna dissipa as dúvidas de Arjuna apresentando a
doutrina do Carma:
Eu e tu, e todos estes guiadores de homens havemos existido sempre e não
cessaremos jamais de existir... Aqueles que vêem essa essência real, vêem a
eterna verdade que domina a alma e o corpo. Sabe, pois, que o que atravessa
todas as coisas está acima da destruição. Ninguém pode destruir o
Indestrutível. Tu sabes que estes corpos durarão pouco. Mas os videntes
sabem, também, que a alma neles encarnada é eterna, indestrutível e infinita
Eis aí porque vais combater, filho de Baratha!
Os que crêem que a alma pode matar ou que ela pode ser morta enganam-se
igualmente. Ela não mata nem morre. Ela não nasceu nunca nem nunca morrerá..
Assim como uma criatura se desnuda de roupas velhas para se apossar e
outras novas, assim a alma rejeita esse corpo para tomar outros. Nem a
espada nem o cutelo a corta; nem o fogo nem a chama a queima... Duradoura,
firme, eterna, ela atravessa tudo... [SCHURÉ, 2003]
Os Pandavas venceram a batalha que foi contata na aventura épica chamada
Mahabaratha, um dos livros do Bagavad-Gita, o Canto do Senhor.

A Morte de Krishna
Estudiosos das escrituras hindus, comparando textos do Bhagavad Purana e do
Bhagavad Gita, concluíram que Krishna morreu em 3.100 a.C.. Porém, a morte
de Krishna, é envolta em mistério de renúncia e maldição.
Depois da Guerra dos Baratha, Krishna e seu irmão Balarãma estabeleceram- se
ao sul da Índia, onde teriam fundado a cidade de Dwaraka. Reinaram por 36
anos. Balarãma, como outros personagens lendários, não morreu; usando a
disciplina do ioga, Balarãma transcendeu a corporeidade física alcançando as
esferas celestiais.

Krishna, segundo o Mahabaratha, retirou-se na floresta e mergulhou em
meditação. Ali teria morrido em virtude de uma maldição proferida por
Gandhari, que perdeu os filhos na batalha entre os Pandavas e Kurus. Ela
culpava Krishna por não ter impedido a matança. Krishna, conformou-se com a
maldição e morreu.

Na versão contada por Schuré, em Os Grandes Iniciados, Krishna escolhe
morrer deixando-se apanhar em emboscada por arqueiros enviados por seu velho
inimigo, o rei Kamsa. Kamsa, que escapara à vigilância dos brâmanes,
refugiou-se junto ao sogro, o bruxo Calanemi e passou a tramar a destruição
de Krishna.
O profeta havia compreendido. .. que para fazer aceitar aos vencidos a sua
religião, seria mister conseguir sobre a sua alma uma vitória mais difícil
que as das armas. Da mesma forma que o santo Vasixta tinha sido varado por
uma flecha [de Kamsa] ...da mesma maneira Krishna devia morrer
voluntariamente às mãos de seu inimigo mortal para implantar no coração de
seus adversários a fé que pregava aos seus discípulos e ao mundo. ...Partiu,
pois, para uma ermida que se encontrava em um lugar selvático e desolado,
junto aos altos cimos do Himavant [Himalaia].

Até então, Krishna, com o poder de seu Espírito, havia impedido os ataques
de Kamsa. Em seu derradeiro retiro, o Mestre cessou de resistir. Durante
sete dias meditou enquanto seus perseguidores avançavam. Enfim, chegaram os
soldados. Arrancaram o santo do êxtase, insultaram-no, apedrejaram- no. Nada
abalava Krishna. Então, agarraram-no, acorrentaram- no a um tronco de cedro
[um madeiro] e prepararam os arcos. Foram três flechas: na primeira, Krishna
chamou por Vasixta; na segunda, abençoou os filhos do Sol e na terceira,
disse apenas: "Mahadeva!".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Schuré, Edouard. KRISHNA. Col. Os Grandes Iniciados, nº 2 [trad. Domingos
Guimarães]. São Paulo: Martin Claret, 2003]
PRABHUPÃDA, Sua Divina Graça Swami. Histórias de Krsna — Ed. The
Bhaktivedanta Book Trust | Sociedade Internacional da Consciência de Krishna
[sem data]
____________ _________ _________ ___ O LIVRO DE KRISHNA
WIKIPEDIA ENGLISH — Krishna
WIKIPEDIA PORTUGUÊS — Krishna
IMAGENS: SIRIMAD BAGAVATAM

Krishna como arquétipo do Si-mesmo

Por favor, ouve com atenção o que te falarei, pois o conhecimento transcendental sobre Mim (Krishna) é não somente científico, mas também repleto de mistérios (Caitanya Mahaprabhu).

Autor: Frederico Eckschmidt (1)

Govinda, Krishna, a Suprema Personalidade de DeusJung diversas vezes afirmou que não é do interesse e nem o papel da Psicologia Analítica fazer afirmações metafísicas acerca dos temas religiosos, ou seja, se Krishna e Suas manifestações possuem ou não uma existência real. Apenas é possível estudá-lo como um símbolo da totalidade psíquica que Jung denominou de Si-mesmo.

Neste sentido o que se pode constatar é que "o simbolismo da totalidade psíquica coincide com a imagem divina, embora não possa demonstrar que a imagem divina é o próprio Deus ou que o Si-mesmo substitui Deus" (Jung).

Assim, o objetivo deste estudo é analisá-lo e fazer uma comparação com as teorias da Psicologia Analítica para verificarmos sua validade para nossa ciência enquanto uma representação psíquica da dinâmica relação entre o ego e o Si-mesmo, visto que é um texto profundamente filosófico e psicológico.

De forma semelhante à figura mítica de Jesus, não nos interessa as bases históricas e arqueológicas de sua vida real, mas sim sua representação enquanto arquétipo da totalidade do Si-mesmo. Dessa maneira, não importa se Govinda, Krishna, tenha ou não existido como pessoa, mas sim, sua figura enquanto símbolo de "Deus ou o Atman, enquanto etapa do Si-mesmo individual e essencial do cosmos, ou o Tao, enquanto estágio individual e processo correto dos acontecimentos universais" (Jung).

O mito de Govinda remonta à pré-história, desde as primeiras sociedades agrícolas que habitavam a região do vale do rio Ganges e do Yamunâ. Ele é representado por um vaqueirinho que toca flauta e realiza muitas aventuras, chamados de passatempos (lîlâ).

Segundo os textos da escola vedanta (Vedanta-darshana), a manifestação de Govinda, Krishna, supostamente encarnou há aproximadamente 5.100 anos atrás, em Mâthura, na Índia, cidade que ainda hoje é um importante centro de peregrinação situada próxima a Nova Delhi, no estado de Uttar Pradesh.

No Bhagavad-gîtâ é dito que a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, aparece pessoalmente quando há um declínio da religião no planeta Terra e também para a redenção do Universo (Bg.4.7).

Dessa forma, há muito tempo atrás, a deusa Bhumi (a mãe-Terra personificada), preocupada com o crescente poder militar dos demônios (materialistas) orou para o Criador deste Universo, o Senhor Brahmâ, em busca de alívio, pois eles poderiam destruir todo o planeta.

Shukadeva Gosvâmî inicia o advento de Krishna da seguinte maneira: "Certa vez, quando estava sobrecarregada por centenas e milhares de falanges militares de vários demônios presunçosos que se faziam passar por reis, a mãe Terra aproximou-se do Senhor Brahmâ em busca de alívio" (SB.10.1.17).

Compadecido com a lamentação da mãe Terra, o Senhor Brahmâ, juntamente com o Senhor Shiva e outros semideuses, a levou para oferecer orações ao Senhor Vishnu, que repousa eternamente na serpente Ananta (Anantadeva). Enquanto estava em transe místico, orando, o Senhor Vishnu informou ao Senhor Brahmâ que a Suprema Personalidade de Deus apareceria na Terra, na família Yadu, para acabar com a opressão criada pelos demônios. Para isso, ele ordenou aos semideuses para que aparecessem, através de suas porções plenárias, como filhos e netos na família dos Yadus.

Conforme o desejo do Senhor Krishna, apareceria primeiramente Suas principais potências: o Senhor Anantadeva, como Balarâma, pois é Sua potência de sustentação e Sua irmã Yogamâyâ (a Natureza material) _na forma de Subhadrâ.

Assim combinado, a história do advento (manifestação) de Krishna inicia durante o governo de um demônio chamado Kamsa, filho do rei Ugrasena.

Ele tinha uma irmã chamada Devakî, que tinha acabado de se casar com um homem chamado Vasudeva. Logo após a festa, para agradar sua irmã, ele tomou as rédeas dos cavalos e tornou-se o quadrigário do casal. Durante o trajeto ele ouviu uma voz, como uma revelação, dizendo: "seu patife tolo, o oitavo filho de sua irmã te matará"! (SB.10.1.34).

Ao ouvir este presságio dito por Nârada Muni, Kamsa resolveu acabar com o problema matando sua irmã imediatamente ali mesmo. "[...] Ele agarrou sua irmã pelo cabelo com a mão esquerda e com a mão direita empunhou a espada para decapitá-la" (SB.10.1.35). Desejando apaziguar a ira de Kamsa, Vasudeva, com toda sua eloqüência, convenceu seu cunhado a não matar sua mulher, principalmente após o seu casamento, pois isso não ficaria bem e ele perderia todo seu poder e reputação.

Vasudeva então prometeu que, se o problema fosse o filho, ele não precisaria matar sua mulher, pois ele entregaria todos os seus filhos a ele na medida em que eles fossem nascendo.

Kamsa, percebendo o problema social que ele teria se matasse sua irmã, resolveu aceitar. Ele pensou: "Se eu matá-la, minha reputação, opulência e duração de vida decerto minar-se-ão" (SB.10.2.21). Como ele queria garantias que os filhos seriam entregues, ele prendeu o casal no porão de seu palácio, em Mâthura, a capital de todos os reis da dinastia Yadu.

Após matar seis filhos do casal, uma porção plenária de Krishna entrou no ventre de Devakî como o sétimo filho. "Essa porção plenária é saudada pelos grandes sábios como Ananta [o Senhor Balarâma], que pertence à segunda expansão quádrupla de Krishna" (SB.10.2.5). E assim o Senhor Krishna ordenou a Yogamâyâ:

"Dentro do ventre de Devakî está Minha expansão plenária parcial, conhecida como Sankarshana ou Shesa. Transfere-O facilmente ao ventre de Rohinî [outra mulher de Vasudeva que vivia escondida de Kamsa em Vrindâvana]. Ó auspiciosíssima Yogamâyâ, então, repleto de minhas seis opulências, aparecerei como filho de Devakî, e tu aparecerás como filha de mãe Yashodâ, a rainha de Mahârâja Nanda [irmão de Vasudeva por parte de pai, que o estava ajudando]" (SB.10.2.8 e 9).

Passado algum tempo, quando o filho de Devakî foi atraído e transferido para o ventre de Rohinî por Yogamâyâ, Devakî parecia ter perdido o filho espontaneamente. "Por isso, todos os habitantes do palácio lamentaram bem alto: 'Oh! Devakî perdeu seu filho!'" (SB.10.2.15).

Passados alguns dias houve a concepção da Suprema Personalidade de Deus, que primeiramente apareceu no coração de Vasudeva e depois transferiu-Se para o coração de Devakî.

Na noite em que nasceu o oitavo filho, o Universo inteiro transbordou de todas as qualidades em que existia bondade, beleza e paz.

"Vasudeva viu então a criança recém-nascida, que tinha maravilhosos olhos de lótus e em Suas quatro mãos portava as armas ?anka, cakra, gadâ e padma [búzio, disco, maça e lótus]. Sobre Seu peito havia a marca Shrîvatsa e em Seu pescoço, a reluzente jóia Kaustubha. Vestia de amarelo, o corpo negro como uma nuvem densa, Seu cabelo em desalinho e crescido, e Seu elmo e brincos incomumente cintilantes, cravejados da jóia preciosa Vaidûrya, a criança, adornada com um cinto, braceletes, pulseiras e outros ornamentos brilhantes parecia muito maravilhosa" (SB.10.3.9 e 10).

Em seguida, tendo observado que seu filho tinha todas as características da Suprema Personalidade de Deus, Devakî, que tinha muito medo de Kamsa, orou para que a criança se tornasse como uma criança humana normal, visto que Sua forma não era natural neste mundo.

Exatamente quando Vasudeva, recebendo inspiração da Suprema Personalidade de Deus, estava a ponto de levar da sala de parto a criança recém-nascida, Yogamâyâ, a energia espiritual do Senhor, nasceu como filha de mãe Yashodâ, rainha de Mahârâja Nanda.

Por sua influência (mâyâ também significa ilusão), todos os porteiros e outros habitantes caíram num sono profundo e as portas, que estavam fechadas com fortes travas e correntes de ferro, abriram-se. Como naquela noite também chovia muito, Ananta-nâga (Sua expansão plenária) abriu seus inúmeros capelos e seguiu Vasudeva desde a porta, protegendo a ele e a criança.

Também por causa da chuva, o rio Yamunâ transbordou, mas em seguida, ele miticamente se abriu, permitindo a travessia de Vasudeva. Este fato lhe deu a chance de trocar seu filho Krishna, por sua irmã Subhadrâ, que nascia ali perto, em Gokula, no lar de Mahârâja Nanda.

Ele então retornou ao palácio de Kamsa e colocou a criança no colo de Devakî, voltando a ser um prisioneiro como antes e salvando Krishna.

Os cadeados novamente se fecharam por influência de Yogamâyâ, que começou a chorar como uma criança normal, despertando os guardas. Eles informaram imediatamente a Kamsa que a criança havia nascido e ele veio pronto para matá-la. A criança então escapou de suas mãos e transformou-se em Durgâ, a deusa de oito braços. Ela então disse a Kamsa: "Ó Kamsa, seu tolo, que te adiantará matar-me? A Suprema Personalidade de Deus, que desde o princípio tem sido seu inimigo e que decerto te matará, já nasceu em outra parte" (SB.10.4.12).

E assim Kamsa mandou matar todas as crianças da região que nasceram nos últimos dez dias, de forma muito semelhante ao ocorrido nos nascimentos de Moisés e Jesus.

Passados alguns dias, Mahârâja Nanda e sua família mudaram-se para Vrindâvana, que fica no distrito de Mâthura, e por isso, este é o local onde Krishna passou sua infância. Essas três cidades são relativamente próximas umas das outras.

Outra cidade em que viveu Krishna é Dvârakâ, supostamente construída por Ele, próximo à Mumbai (Bombaim), e é um sítio arqueológico importantíssimo, pois boa parte dos sítios estão submersos, assim como conta a lenda. Segundo Caitanya, Krishna

"manifesta Sua própria forma em Mâthura e em Dvârakâ. Ele desfruta de passatempos de diversas maneiras, expandindo-Se nas formas quádruplas.
Vâsudeva, Balarâma, Pradyumna e Aniruddha são as formas quádruplas primárias de quem todas as outras formas quádruplas se manifestam. Todas elas são puramente transcendentais.
Somente nestes três locais [Dvârakâ, Mâthura e Gokula] é que o Senhor Krishna todo brincalhão executa Seus passatempos intermináveis com Seus associados pessoais.
Nos planetas Vaikunta do céu espiritual, o Senhor manifesta sua identidade como Nârâyana e executa passatempos de diversas maneiras (Cc.5.23, 24 e 25).

Inicialmente o que chamou-me a atenção no mito da encarnação de Krishna foi de como ele representa o mecanismo de ação psíquica da conscientização do arquétipo, manifestando para isso o aspecto quatripartido da divindade simbolizado neste mecanismo.

As expansões Vâsudeva, Balarâma, Pradyumna e Aniruddha, representam a base psíquica fundamental para ocorrer a manifestação do ego (semelhante aos instintos), ou seja, a consciência, a força vital, a inteligência e a mente.

Esta visão quaternária da divindade é uma visão comum nos relatos históricos sobre o tema. Como exemplo podemos verificar essa afirmação na "visão de Ezequiel, o 'Rex gloriae' com os quatro evangelistas, a Barbelo = Deus em quatro, no Gnosticismo" (Jung). Há também manifestações em que Deus aparece como uma díade: o Tao formado pela união do Yin e do Yang, na China, o Deus Hermafrodito de Platão, o pai-mãe, etc. (Jung) e como uma figura humana: a criança, o filho, o Anthropos ou uma personalidade individual: Cristo, Muhammad, Buddha e o Senhor Caitanya Mahâprabhu.

Na filosofia vaishnava, a figura de Krishna corresponde a todos os símbolos do Si-mesmo e, conhecê-lO, equivale à Pedra Filosofal dos alquimistas. Segundo os ensinamentos de Caitanya, ter 'consciência de Krishna' é saber nossa posição em relação a Ele, ou seja, saber a posição do homem (Ego) em relação a Deus (Si-mesmo) e perceber-se ao mesmo tempo igual e diferente (bedhâbedha) a Ele.

Jung faz um comentário sobre este paradoxo citando que o alquimista sabia que o Si-mesmo não estava na consciência do eu, mas em algum lugar fora dela. Psicologicamente o Si-mesmo encontra-se em nós, mas naquilo que somos e ainda não conhecemos, ou seja no inconsciente. Por isso o alquimista precisava situar seu arquétipo exteriormente no espaço e, assim, o centro ficava, paradoxalmente, no homem e ao mesmo tempo fora dele, como indicado por Dorn. Porém,

"a união dos contrários na pedra só será possível se o próprio adepto se tornar uno. A unicidade da pedra corresponde à individuação, à unificação do homem. Diríamos que a pedra é uma projeção do Si-mesmo unificado" (Jung).

Segundo Jung:

"Dorn identifica o centro transcendente do homem com a imago Dei [imagem de Deus]. Esta identificação permite-nos entender por que motivo os símbolos alquímicos da totalidade valem tanto para o "arcanum" presente no homem como para a divindade, e porque, em suma, substâncias como o "mercurius" [mercúrio] e o "súlfur" [enxofre] ou elementos como a água e o fogo, são relacionados com Deus, com Cristo ou com o Espírito Santo. E Dorn vai mais longe ainda, conferindo o predicado do ser única e exclusivamente a este [...] si-mesmo, que se identifica com a divindade".

Em Sua encarnação pessoal, Krishna também representa o Homem Cósmico original, o Mahâ-Purusha (o Grande Desfrutador). É nessa forma que ele Se auto-manifesta através de sua potência de lîlâ (passatempo), o Senhor Balarâma.

Em sua forma impessoal, Brahman, Ele é compreendido como uma forma sutil de energia semelhante ao significado de mana, do Tao chinês ou a idéia arquetípica do vazio quântico (de onde tudo pode surgir). É descrito também de maneira semelhante à visão gnóstica dos naassenos de "ennóia". Segundo eles "essa essência é ao mesmo tempo, masculina e feminina" (Jung, 1951/2000, p. 191), da mesma forma como os vaishnavas afirmam sobre Râdhâ e Krishna.

É desta essência que "provém o pai e a mãe" (Elenchos). No hinduísmo essa afirmação corresponde ao Prajapati, o Senhor Shiva, o varão perfeito e sua consorte Parvati (Shakti). Ela "é composta de três partes: do elemento racional (noëron), do elemento psíquico (psychikon) e do elemento terreno (choïkon)" (Jung).

Na Índia portanto, a compreensão de Deus é fruto de uma ciência milenar formada pelas experiências introspectivas de vários sadhus e rishis (santos) e por isso, essas formas são manifestações perfeitas do arquétipo do Si-mesmo.

http://www.psicoanalitica.com.br/krishna.htm

Krishna

http://www.minuto.poetico.nom.br/images/krishna.jpg

É o mais popular e amado avatar da Índia, com maior número de templos e devotos. Possuía um apelo físico irresistível.

Nos Puranas é descrito como um pastor tocador de flauta.

No Mahabharata é o sábio que dá o ensinamento a Arjuna no campo de batalha.

Krishna é o maior Deus não ariano no panteão Hindu. Ele foi a oitava encarnação de Vishnu, o Preservador do Universo. Ele incorporou a forma humana para redimir as ações das forças do mal.

O príncipe KRISHNA, que nasceu em MATHURA, e mais tarde tornou-se rei na cidade de DWARAKA, foi uma personalidade de muito influência no MAHABHARATA (o mais antigo texto sagrado da Índia), onde teve importância vital nos acontecimentos épicos que modificaram toda a história do Oriente.

Ele sempre é visto tocando uma flauta, com a qual encanta todas as criaturas vivas. Alguns de seus nomes são GOVINDA, SYAMASUNDAR ou GOPALA - o protetor das vacas.

De acordo com as lendas, a beleza de KRISHNA é insuperável, encantando até mesmo inúmeros cupidos. Ele ficou conhecido por sua força invencível, sua enorme riqueza e por suas dezesseis mil cento e oito rainhas . Os ensinamentos de KRISHNA foram perpetuados no livro "BHAGAVAD GITA", que é considerado por todos os mestres como a essência do conhecimento Védico. Este livro retrata uma conversação entre KRISHNA e seu mais poderoso discípulo, o herói ARJUNA, o arqueiro supremo, na famosa batalha de KURUKSHETRA.

Há três principais estágios na vida de Krishna:

No primeiro, Krishna nasceu em uma prisão em Mathura, onde seus parentes foram capturados por um demônio que tomou o lugar de um rei chamado Ugrasena. Sobre essa captura: Um dia, Ugrasena e sua esposa estavam caminhando nos jardins, onde um demônio viu a rainha e sentiu amor por ela. Em sua luta por ela, ele distraiu a atenção de Ugrasena, e assumiu sua forma e concretizou seu desejo. A criança nascida desta união foi Kamsa. Kamsa cresceu para destronar seu pai e prender sua irmã Devaki (filha de Ugrasena) e seu marido Vasudeva. Devaki mais tarde se tornou a mãe de Krishna.

Então um dia Kamsa estava levando sua irmã recém casada e seu marido Vasudeva para sua nova casa, quando uma voz vinda dos céus os interceptou. A voz disse para Kamsa que a oitava criança de Devaki iria matá-lo. Conseqüentemente, ele aprisionou o casal e começou a matar suas crianças, ano após ano. Sete crianças foram perdidas mas a oitava - o Deus - escapou das mãos do carniceiro e viveu para cumprir sua missão contra Kamsa mais tarde. Krishna nasceu à meia-noite do oitavo dia do equinócio do Bhadrapada (Agosto/Setembro) e foi trazido para Vrindavan por Vasudeva (pai de Krishna) na mesma noite, para salvá-lo de Kamsa.

Seu pai trabalhou para possibilitar ao bebê Krishna escapar para uma vila próxima e trocá-lo com outra criança. Ele foi criado pela família de pastores de vacas de Yashoda e Nanda Raja. Krishna cresceu como um garoto pastor de vacas.

No segundo, já como jovem, Krishna conquistou todas as garotas da vila com sua boa aparência, charme e atenção. Apesar de Radha ser sua favorita, ele flertou com as outras gopis também. Ocasionalmente ele se divide em vários, assim ele pode dar atenção a várias garotas de uma só vez. Estas estórias, que são boas lendas no nível superficial, também são interpretadas no nível de espírito.

Brajbhoomi, onde Krishna nasceu, compreende as cidades gêmeas de Mathura e Vrindavan. Esta não é apenas uma terra sagrada onde Krishna nasceu, mas um lugar cheio de reminiscências divinas. Foi aqui que ele encontrou pela última vez Radha, sua companheira inseparável. Vrindavan, há 15km de Mathura, foi o local favorito do casal divino.

No terceiro, como adulto, Krishna passou seu reinado no nordeste da Índia pela morte do rei Kamsa, evento este que é visto como a restauração do dharma. Na história do Mahabharata, ele então ajuda Arjuna, servindo como seu condutor de carroça e seus irmãos (os irmãos Pandava) em uma guerra para restaurar seu direito de reinar.

Em uma noite antes da batalha maior, Krishna e Arjuna tiveram uma longa discussão a respeito da natureza do dharma e do cosmos, que é preservado no Mahabharata como o Bhagavad Gita. No final da discussão, Krishna se revelou para Arjuna como Vishnu. As explicações de Krishna são contadas nos templos Vishnu e no festival anual de Rasa Lila.

Exercício de Krishna Menino

.


. Para doação de amor incondicional
Prática de doação de amor incondicional.
Quando você realizar esta prática poderá ver como é fácil perceber a energia da egrégora de Krishna Menino...

Notas:
Para realizar esta prática, dê preferência a um ambiente calmo onde você não seja interrompido.
Se você mora com outras pessoas, avise-as que estará ocupado pelos próximos 5 ou 10 minutos (depende do tempo de seu relaxamento) e que retornará se alguém lhe procurar ou telefonar.
Selecione uma música tranqüilizante e deixe tocando durante toda a prática. Para este exercício, recomendo uma música que lembre a Índia ou ainda crianças. Caso não tenha, o exercício pode ser realizado com qualquer outra música desde que seja tranqüilizante e favoreça a meditação.
Se puder, trabalhe em ambiente de penumbra, com um abajur ou, se preferir, utilize vela, mas lembre-se sempre de acomodá-la bem, longe de madeiras, panos ou papéis, para que não haja risco de incêndio caso você durma logo após a prática.
Prefira fazer suas práticas sem brincos, pulseiras ou relógios e sem roupas apertadas.

1. Sentado, em posição de lótus*, de olhos fechados, relaxe seu corpo e sua mente.

2. Escute o som e deixe-o entrar não somente em seus ouvidos, mas em seu corpo inteiro.

3. Imagine que você começa a visualizar uma criança. Aos poucos a imagem vai ficando mais nítida e você percebe que é Krishna Menino**.

4. Olhe bem para os olhos deste menino, e simplesmente sinta. Tente entrar na energia azul de Krishna.
Fique assim, durante o período de tempo que achar necessário. Quando sentir que é o momento, estenta as mãos para frente com as palmas para fora e imagine que suas mãos irradiam luzes azuis, e com estas luzes tente enviar para todos os seres deste ou de outras dimensões/planetas, um pouquinho do sentimento que Krishna Menino deixou com você.

5. Agradeça pela prática realizada.
Sinta-se bem!

Um texto para sentir, na Onda de Krishna...

Olhos de Krishna

Krishna,

Meditando ainda há pouco, vi seus olhos amendoados brilhando em meu coração.

Eles expressam um amor profundo e, ao mesmo tempo, uma grande alegria, como se você brincasse nas ondas do meu ser.

Meu querido, seu olhar me é tão familiar.

Vejo em seu brilho as imagens de várias vidas passadas e o seu amor sempre presente, sutil, acompanhando meus passos na evolução.

Você estava dentro e fora de mim todo o tempo, nas múltiplas dimensões de seu amor, levando-me nas asas luminosas de sua Espiritualidade.

Vendo seus olhos agora, sei que o azul do céu das minhas aspirações espirituais é seu azul.

Sentindo seu amor aqui mesmo, nas entranhas da carne e da alma, percebo que caiu o último véu que me impedia de vê-lo antes.

Ah, esses olhos incríveis! É como se a vivacidade e a alegria de tudo que é bom morasse neles todo o tempo.

Amigo das viagens de minha alma, percebo nos sons sutis do chacra cardíaco que você quer enviar uma mensagem aos estudantes espiritualistas.

Sob o comando do brilho de seus olhos, escrevo cheio de alegria o recado de sua alma à alma dos homens que batalham a favor do Bem na face da Terra:

"Quem se esforça para ver meus olhos brilhando no coração é detentor da imensa riqueza espiritual da alegria resplandecente."

"Quem serve ao mundo com desprendimento e alegria, sem esperar recompensas ou reconhecimento público, já tem seu prêmio de luz: A ALEGRIA DE SER BOM!"

"Quem espreita o caminho alheio não consegue ver meus olhos em canto algum."

"Que os homens definam bem suas prioridades: olhos brilhantes ou mentes opacas?"

"A divina efulgência é patrimônio espiritual de todos os seres, contudo, brilha mais o ser que norteia seus passos sob o ditame do Supremo Amor a favor da evolução de todos."

Aí está, amigo espiritualista, o recado do Senhor dos Olhos de Lótus.

Que o efulgente brilho de seu olhar possa estar presente em seu coração, iluminando seu viver, agora e sempre.

OM KRISHNA OM!

Nota:
* Posição de lótus (Padmasana, postura do lótus): Senta-se com as pernas estendidas à frente. Dobre uma das pernas colocando o pé sobre a coxa oposta, com a sola virada para cima e o calcanhar tocando o osso pélvico. Dobre a outra perna de forma que o pé se posicione da mesma maneira na coxa oposta.
Caso não se sinta confortável com esta posição ou tenha dificuldade em manter a coluna ereta, escolha uma posição sentada, que seja mais confortável para você.
**Krishna: É o representante do Verbo Divino ou Lógos (Cristo em nós). O nome original do Ser Realizado. Orador da Bhagavad-Gita. Para conhecer mais sobre a história de Krishna, leia o livro "Os grandes Iniciados - Krishna".

Você pode realizar esta prática com Jesus, Buda ou qualquer outro grande mestre por quem tenha afinidade.

Wagner Borges
Texto extraído do livro "Viagem Espiritual III"
Editora Universalista – 1998.

Nascimento, Vida, Doutrina e Morte do Senhor Krishna


O Maha Avatar Krishna é tido como o responsável pela introdução da noção messiânica no mundo antigo, o introdutor da doutrina da imortalidade da alma e do verbo divino revelado ao homem.
Margareth G. Schulz (Devi Dasika)

A figura central do Bhagavad Gita é Krishna. Os hinduístas adoram várias encarnações de Deus, como instrutores que, de tempos em tempos, aparecem segundo as necessidades do mundo para manter a justiça e destruir a maldade. Assim, cada caminho hinduísta adora uma destas encarnações da Divindade, e Krishna é quem tem maior número de devotos: dizem que Ele é superior aos demais porque, enquanto encarnado, possuía 50% da energia de Narayana, sendo então um Maha Avatar.
Durante toda sua vida, o Senhor Krishna praticou os admiráveis ensinamentos que predicava e, assim, dizia: “Conhece o segredo da vida quem, em meio à maior atividade, produz a mais doce paz, e é ativo em meio à mais profunda calma”. Ensinava que, para chegar à ação, é necessária a não-ação, e a não-ação na ação; ou seja, a calma na atividade, e a atividade em calma; é necessário não se apegar e nem se identificar com qualquer coisa externa, e trabalhar sem apego ao fruto da ação, porque a aflição não provém das obras, e sim do apego ao fruto dessas mesmas ações. Assim, devemos considerar o dinheiro, a fama, a família, como meios do propósito para cumprirmos nosso dever, mas não como absolutos fins da vida. Unicamente, temos de nos apegar por devoção ao Senhor. Trabalhemos pela família, amemos a ela, sacrifiquemo-nos cem vidas se necessário for, mas não nos identifiquemos com ela.
A vida de Krishna foi exatamente o exemplo desses ensinamentos. Ele era de fina estirpe, e estava profetizado que um descendente daquela família seria rei de Madura, cujo trono estava ocupado pelo tirano Kansa. Este, ao inteirar-se de que havia nascido um filho no seio da família profetizada, e não sabendo o ponto fixo de seu nascimento, ordenou a matança de todos as crianças recém-nascidas.
Quando Krishna nasceu, um ponto de luz celestial iluminou o lugar e, segundo conta a divina lenda, o recém-nascido exclamou: “Sou a luz do mundo e nasço para o bem de todos os homens”. Os sábios afirmaram que Deus havia nascido, e foram se render a Ele, homenageando-O, como também aconteceu com os magos que adoraram o menino Jesus de Belém.
Os ensinamentos desse grande instrutor mostram que sua tônica é a renúncia, a condição de não-paixão, o desapego; mas não a indiferença, que é algo muito diferente e sem valor espiritual. Krishna ensina que o genuíno amor se deve somente a Deus. Não devemos cometer o engano de colocar nosso amor, nosso afeto, nas coisas mundanas e temporais, porque a inevitável queda desses afetos nos causaria aflição. Deus é o único ser imutável e Seu amor nunca falha. Seja lá o que formos, o que fizermos, Ele sempre nos olha com misericordioso amor, sem cólera, porque sabe que caminhamos para a perfeição.
De todos os ensinamentos, inferimos que todo dever é sagrado. Não há no mundo dever algum a que possamos qualificar de servil; todo trabalho é tão meritório como o do imperador em seu trono. Os ensinamentos de Krishna são de evidente valor prático, pois nos estimulam a cumprir pacificamente nossos deveres da vida social.

Nascimento de Krishna
A virgem Devaki, irmã do tirano Kansa, foi escolhida pelos santos rishes (sábios), para ser a mulher que iria trazer ao mundo um deva (anjo). Foi acolhida por Vasichta e guiada até Ele por Mahadeva (o grande anjo), sendo recebida com enorme carinho, pois ela tinha deixado o mundo das misérias para viver ao lado dos santos. Eles lhe disseram: “No seio de uma mulher, o raio do esplendor divino deve receber uma forma humana.” Os rishes presentes se inclinaram diante de Devaki, e Vasichta disse: “Esta será nossa mãe, porque dela nascerá o Espírito que deverá nos regenerar. Viverá entre as mulheres virtuosas e os mistérios se cumprirão.”
Um dia, Devaki caiu em um êxtase profundo. Ouviu uma música celeste, como um oceano de harpas e de vozes divinas e, de repente, o céu se abriu em abismos de luz. Milhões de seres esplendidos olhavam-na e, em um raio deslumbrante, o Sol dos Sóis, Mahadeva, lhe apareceu em forma humana. Iluminada pelo Espírito dos Mundos, ela perdeu o conhecimento e, em uma felicidade sem limites, concebeu o filho divino.
Quando sete luas já tinham se passado e descrito seus círculos mágicos ao redor da selva sagrada, ela foi chamada pelos mestres que lhe disseram: “A vontade dos Devas se cumpriu. Tu concebeste na pureza do coração, e no amor divino. Virgem e mãe, te saudamos. Um filho nascerá de ti, e será o salvador do mundo. Teu irmão, Kansa, te busca para matar o fruto que levas em teu seio. É necessário escapar à sua perseguição. Os irmãos mais velhos irão te guiar até o pé do monte Meru. Ali, darás à luz ao teu filho Divino, e o chamarás Krishna, O Consagrado. Que Ele ignore sua origem e tudo o mais. Não fales d’Ele nunca. Viva sem temor, pois velaremos sobre ti.”

Infância
Devaki foi morar com os pastores do monte Meru, aos pés do qual se estendia um vale, e ali ela encontrou um refúgio contra as perseguições de seu irmão Kansa.
O filho maravilhoso desta mulher cresceu entre os rebanhos e os pastores. Chamavam-no de O Radiante, porque só com sua presença, seu sorriso e seus olhos, tinha o dom de difundir a alegria. Animais, crianças, mulheres, homens; todo mundo o queria, e Ele parecia querer a todos, sempre sorrindo para sua mãe, jogando com as ovelhas e com as crianças de sua idade, e falando com os velhos.
Krishna criança não tinha temor algum; cheio de audácia, executava movimentos surpreendentes. Às vezes, ia para a floresta e se recostava sobre o musgo, abraçava as jovens panteras e abria-lhes a boca sem que elas se atrevessem a mordê-lo. E, sobre todas as coisas e todos os seres, Krishna adorava sua jovem mãe, tão bela e radiante, que lhe falava do céu e dos Devas, de combates heróicos e de coisas maravilhosas que ela havia aprendido com sua família.
Quando Krishna tinha quinze anos, sua mãe foi chamada a seu antigo povoado, e desapareceu sem dizer adeus a seu filho. O patriarca Nanda lhe disse que ela tinha feito uma viagem muito longa e, por isso, não sabia quando ela voltaria. Assim, Krishna caiu em uma meditação tão profunda que até as crianças se isolaram d’Ele.
Dirigindo-se ao Monte Meru para obter respostas, lá ficou por semanas, até que surgiu à Sua frente, um velho de elevada estatura, vestido com um traje branco. Este senhor perguntou-lhe por quem ele estava esperando, e Krishna respondeu que estava à procura de sua mãe. O velho respondeu que sua mãe se encontrava na presença d’Aquele que é imutável. Assustado, o menino perguntou então se ela iria voltar um dia, ao que o velho responde que sim, mas só quando a filha da serpente se render ao filho do touro. E lhe diz o seguinte: “Então matarás o touro, e afastarás a cabeça da serpente”.
Quando Krishna desceu do monte, estava totalmente transtornado. Uma nova energia parecia irradiar de seu ser. Ele então reuniu seus amigos, e passaram a defender os bons e a combater os maus. Foi atrás dos touros e das serpentes, lutou contra as bestas ferozes, libertou tribos oprimidas. Mesmo assim, seu coração permanecia triste, pois sua alma tinha apenas um desejo oculto: voltar a ver sua mãe e encontrar novamente o ancião.

No Céu dos Devas
Quando voltou para sua antiga terra natal, Krishna passou a sonhar com combates celestiais no infinito dos céus. Durante o sono, Ele vibrava uma melodia suave e angelical. Atraídas pela música, as golpis, as filhas das mulheres do vilarejo, ficaram enamoradas por Ele. Nichdali e Saraswati, filhas de Nanda, se apaixonaram por Ele, e resolveram propor que Ele as desposasse. Krishna ficou pensativo, passando seus braços ao redor da cintura de ambas. Primeiro, pousou sua boca sobre os lábios de Saraswati; em seguida, sobre os olhos de Nichdali, experimentando através destes dois longos beijos o sabor estonteante e voluptuoso de toda a terra. Ele lhes disse: “Amo-as incondicionalmente; não amarei somente um ser, nunca; somente amarei com amor eterno. Para Eu amar um só ser, seria necessário que a luz se extinguisse do dia, que um raio caísse em meu coração e que uma alma se lançasse fora do céu.”
E assim, ambas voltaram para casa, tristes e chorosas. Na noite seguinte, as golpis se reuniram para seus jogos, mas em vão esperaram seu Mestre. Ele havia desaparecido, não deixando mais que sua essência, um perfume de seu ser: os cantos e as danças sagradas.
Deste momento em diante, Krishna procurou seus antepassados, ainda em busca de notícias de sua mãe e do velho ancião. Deparou-se com a inveja e ira de seu tio, o rei Kansa; teve encontros com demônios de toda a estirpe e brigou contra toda a ilusão que chegava até Ele.
Durante o seu caminhar, Krishna encontrou um centenário, Vasichta, que vivia há quase um ano numa cabana escondida no local mais profundo da selva santa; ele já se tinha libertado das leis da matéria e das ações egoístas dos homens. De seus olhos de cego saía um resplendor interno de vidente e, quando Krishna o viu, reconheceu-o, sabendo que era “o sublime ancião”. O velho estendeu seus braços em direção a Ele, e disse: “Om”.
Ao rei Kansa, que perseguia Krishna, o velho disse que ali estava Aquele que iria destruir seu reinado. Pálido de ira, Kansa estendeu seu arco e lançou uma flecha contra Krishna, mas seu braço tremeu e a seta foi cravar-se no peito de Vasichta. Krishna ecoou um grito terrível vendo-a no corpo do santo, parecendo ter entrado em seu próprio coração, de tal modo sua alma havia se identificado com a do rishi (homem santo). Toda a dor do mundo transpassou a alma de Krishna, e o velho murmurou: “Filho de Mahadeva, por que gritas? Matar é uma ação tão absurda que só os profundos ignorantes, os escravos do ego, a praticam. A flecha não pode ferir sua alma. Eu volto Àquele que não se muda jamais, sendo Ele eternamente imutável. Que Deus receba minha alma. Mas tu és o eleito salvador do mundo. Em pé, Krishna.”
Sua alma, unida à do ancião pelo poder da simpatia, subiu nos espaços, elevando-se ambos ao sétimo céu dos devas, até o Pai de Todos os Seres, ao Sol dos Sóis, Mahadeva, a Inteligência Divina.
Ambos submergiram em um oceano de luz e, bem ao centro, Krishna viu Devaki, sua mãe radiante, sua mãe glorificada que, com um sorriso inefável, lhe estendia os braços e atraía-o a seu seio. Milhares de devas vinham beber na radiação da Virgem-Mãe, como em um foco incandescente, e Krishna se sentiu como reabsorvido em um olhar de Amor de Devaki.
Então, do coração da mãe luminosa, viram-se raios que atravessaram todos os céus. Ela sentiu que Krishna era a alma divina de todos os seres, a palavra de vida, o Verbo criador superior da vida universal.

Ensinamentos
Quando Krishna voltou a si, a selva estava sombria e torrentes de chuva caíam sobre a cabana. O “ancião sublime” já não era mais do que um cadáver, mas Krishna se levantou como um ressuscitado. Um abismo o separava do mundo e de suas vãs aparências. Ele havia percebido a grande verdade e compreendido sua missão. O rei Kansa, cheio de espanto, corria em seu carro, perseguido pela tempestade, com seus cavalos fustigados por mil demônios.
Krishna foi saudado pelos anacoretas, o povo da aldeia de sua mãe, como o sucessor esperado e predestinado de Vasichta. Em seguida, se retirou ao Monte Meru para meditar sobre sua doutrina e o caminho da salvação para os homens, o que durou sete anos; até que sentiu ter dominado sua natureza terrena por meio de sua natureza divina, e que se havia identificado grandemente com o sol de Mahadeva para merecer o nome de filho de Deus. Depois, chamou os anacoretas jovens e anciãos para revelar-lhes sua doutrina. Eles encontraram Krishna totalmente modificado, bastante purificado e engrandecido; o herói havia se transformado em Santo; não havia perdido sua força de leão, mas ganhara a doçura das aves.
Entre os primeiros que o ouviram estava Arjuna, um descendente dos reis solares, um dos Pándavas destronados pelos Kauravas, os reis lunares. Arjuna, um jovem apaixonado, mas pronto a se desencorajar e a cair em dúvida, entusiasmou-se com as doutrinas de Krishna. Este, sentado sobre os cedros do monte Meru, começou a falar aos seus discípulos as verdades inacessíveis aos homens que vivem na escravidão dos sentidos. Ensinou-os a doutrina do atma imortal, de seus renascimentos, e de sua união mística com Deus. O corpo envolve o atma, ou seja, a alma, e este corpo é finito; mas o atma, que habita um corpo material, é invisível, incorruptível e eterno. O homem terrestre é triplo como a divindade que reflete: inteligência, atma e corpo.
Se o atma se une à inteligência, alcança satwa, a sabedoria e a paz. Se o atma permanece incerto entre a inteligência e o corpo, então está dominado por rayas, a paixão, e vai de objeto em objeto, em um círculo fatal. Se, finalmente, o atma abandona o corpo, então cai em tamas, o sem-razão, a ignorância, a morte temporal.
Jamais escapamos da lei suprema e obedecemos a ela sempre, disse Krishna; eis aqui o mistério dos renascimentos. Pressentindo esse momento de profundo interesse de Arjuna sobre os mistérios da vida, Krishna concluiu: “Escuta um grandíssimo e profundo segredo, o mistério soberano, sublime e puro. Para se alcançar a perfeição, tem de se conquistar a ciência da unidade (síntese ou yoga), que está acima da sabedoria; há de elevar-se ao Ser Divino, que está acima do atma, sobre a própria inteligência. Mas este Ser Divino, este amigo sublime, está em cada um de nós, porque Deus reside no interior de todo homem, mas poucos sabem encontrá-Lo. E é esta a via de salvação. Uma vez que tenhas pressentido o ser perfeito que está sobre o mundo e em ti mesmo, decide-te abandonar o inimigo, que toma a forma do desejo (por coisas materiais). Domina tuas paixões. Os gozos que procuram os sentidos são como as matrizes dos sofrimentos que hão de vir. Não faça somente o bem: seja bom. Renuncia ao fruto de tuas obras, mas que cada uma de tuas ações seja como uma oferenda ao Ser Supremo. Aquele que se rende a Deus, alcança a perfeição. Unido espiritualmente, alcançarás esta sabedoria espiritual que está acima do culto das oferendas, e sentirás uma felicidade divina, porque aquele que encontra em si mesmo sua felicidade, seu gozo e, ao mesmo tempo, também sua luz, é um com Deus. E, sabendo a alma que tenha encontrado Deus, estará liberta dos renascimentos e da morte, e beberá a água da imortalidade.”

Profeta de Vishnu
Depois de haver instruído seus discípulos no monte Meru, Krishna foi com eles até as margens do Rio Ganges, para converter o povo, e a multidão se agrupava ao seu redor. O que pregava ao povo era a caridade ao próximo. Ele dizia: “O mal que praticamos aos nossos próximos, nos perseguem como nossa sombra do corpo. As obras que têm como base o amor ao próximo são as que devem ser ambicionadas pelo justo, pois serão as que pesam mais na balança celeste. Se acompanhas os bons, teus exemplos serão inúteis; não temas viver entre os maus, para conduzi-los até o bem”. Quando os semi-sábios, os incrédulos, lhe pediam explicações sobre a natureza de Deus, respondia: “A ciência do homem é vã; todas suas boas ações são ilusórias quando não sabe relacioná-las a Deus; somente Deus pode compreender Deus.”
Kansa reinava ainda em Madura, e tentou capturar Krishna, sem sucesso. Kansa triplicou sua guarda e mandou colocar cadeados em todos os portões do palácio. Certo dia, ouviu um grande ruído na cidade, gritos de alegria e de triunfo. Os guardas lhe trouxeram a notícia de que era Krishna que entrava em Madura, e que todo o povo rompia suas portas para recebê-Lo.
Todos aclamavam e saudavam Krishna como vencedor da serpente, o herói do monte Meru; mas, acima de tudo, como o profeta de Vishnu. Ele se apresentou ao rei Kansa e sua mulher, e resolveu mandá-los a um lugar de penitências, com a finalidade de que eles observassem seus crimes.
Passados alguns dias, Krishna consagrou seu discípulo Arjuna, o mais ilustre descendente da raça solar, como rei de Madura, e deu-lhe a autoridade suprema dos brâmanes, que se converteram em instrutores dos reis. Krishna continuou sendo chefe dos anacoretas, que formaram o conselho superior dos brâmanes.
Então, construíram para si mesmos uma cidade forte entre as montanhas, chamada Dwarka, no centro da qual se encontrava o templo dos iniciados, cuja parte mais importante estava oculta no subterrâneo.
No entanto, quando os reis do culto lunar souberam que um rei do culto solar havia subido ao trono em Madura, e que os brahmanes iam ser os donos da Índia, formaram entre si uma poderosa liga para derrubar o trono. Arjuna, por sua parte, agrupou ao seu redor todos os reis do culto solar, da tradição branca, ária, védica.

Morte de Krishna
Os dois exércitos se encontravam frente a frente, e a batalha era eminente. O Senhor dos Espíritos e o rei de Madura contemplaram os dois exércitos imensos. Brilhavam os fios das malhas douradas dos chefes, e milhares de guerreiros, cavalos e elefantes esperavam o sinal do combate. Neste momento, o mais ancião dos Kauravas assoprou a grande concha com um rugido de leão, e assim deu-se o início ao combate.
Krishna se despediu de seus discípulos, porque estava seguro da vitória dos filhos do sol. Ele havia compreendido que, para fazer valer sua religião aos vencidos, era preciso ganhar sobre sua alma uma última vitória, mais difícil do que a das armas. Da mesma forma que o santo Vasichta havia sido morto para revelar a verdade suprema a Krishna, assim Krishna deveria morrer voluntariamente sob os golpes de seu inimigo mortal, para implantar no coração de seus adversários a fé que Ele havia ensinado aos seus seguidores e ao mundo.
O filho de Devaki queria morrer longe dos homens, perto do Himalaia, onde se sentiria mais perto de sua mãe radiante, do sublime ancião e do sol de Mahadeva. Krishna partiu, e somente Saraswati e Nichdali o seguiram, com sua permissão. Após alguns dias de viagem, elas questionaram o Mestre o porquê daquilo? E Krishna respondeu: “É necessário que o filho de Mahadeva morra atravessado por uma flecha, para que o mundo acredite em sua palavra.”
Pediu então que orassem durante sete dias. Após o sétimo dia, os arqueiros do rei Kansa chegaram próximo do Mestre: eram soldados rudes, de rosto amarelado e negro. Ao ver a figura estática do santo, se detiveram. Primeiro, o injuriaram, depois lhe jogaram pedras; mas Ele não saía de sua imobilidade. Logo, os arqueiros se colocaram à distância e começaram a atirar.
Quando a primeira flecha atravessou Seu corpo e o sangue brotou, Krishna exclamou: “Vasichta, os filhos do sol venceram”. Quando a segunda flecha vibrou em sua carne, disse: “Minha mãe radiante, que os que me amam entrem comigo em sua luz”. E, na terceira, disse somente: “Mahadeva! Com o nome de Deus, entrego meu espírito”. O sol havia se escondido, um grande vento se fez, uma tempestade de neve inundou o Himalaia, e o céu se fechou. Os assassinos fugiram, e as duas mulheres caíram desmaiadas sobre o solo.

Reformador Iluminado
O corpo de Krishna foi queimado por seus discípulos na cidade santa de Dwarka. Saraswati e Nichdal se atiraram na fogueira para se unirem a seu Mestre; e a multidão acreditou ver o filho de Mahadeva sair das chamas em um corpo cheio de luz, subindo rumo ao infinito. Depois disso, uma grande parte da Índia adotou o culto a Vishnu, que conciliava os cultos solares e lunares na religião de Brahma (Deus).
Considerando o papel dominante de Krishna na tradição épica e religiosa, seu aspecto humano, por um lado, e sua identificação constante com Deus manifestado ou Vishnu, por outro, somos forçados a crer que Ele foi o criador do culto vishnuísta, que deu ao bramanismo sua virtude e seu prestígio. Portanto, é lógico admitir que, em meio ao caos religioso e social da Índia primitiva, com a invasão dos cultos naturalistas e apaixonados, apareceu um reformador iluminado que renovou a pura doutrina ária com a idéia da trindade e do verbo divino manifestado. Assim, Ele deu à Índia sua alma religiosa, sua forma nacional e sua organização definitiva. Mas a importância de Krishna nos parece ainda maior e de um caráter realmente universal se notarmos que sua doutrina encerra duas idéias-mãe dos princípios organizadores das religiões e da filosofia esotérica: a doutrina orgânica da imortalidade da alma ou das existências progressivas pela reencarnação; e a que corresponde à trindade ou verbo divino revelado ao homem.
Com Krishna, a noção messiânica entrou no mundo antigo; com Jesus, ela se irradiou para o Ocidente. Hoje, ela é difundida imensamente pela filosofia do Mestre atual, encarnado em nossa época, Sri Bhagavan Mitra Deva (o primeiro de uma sucessão de nove avataras), para que possamos chegar ao cume dessa história com a vinda do próximo Maha Avatar, que terá 100% da energia de Narayana. Ou seja, será Ele próprio, que virá com o nome de Kalki Avatar, aproximadamente daqui há doze mil anos (isso pode ser modificado pelo acréscimo do nosso nível conscencional). Aqui no Ocidente Ele é mais conhecido com o nome de Senhor Maytreia (também Mestre do Suddha Dharma Mandalam, morador de uma das cidades santas, em Badari Vana, localizada no norte do Himalaia).
Para terminar, recordarei uma passagem do Srimad Bhagavad Gita, na qual Arjuna questiona Krishna da seguinte forma: “Quem sou eu? E o Senhor respondeu: ‘Tu és, meu filho, tudo aquilo que eu sou’. Para que eu vivo? ‘Tu Vives para responder a todas as tuas perguntas’. Onde estás, ó Grande Deus? ‘E onde não estou?’”

Margareth G. Schulz (Devi Dasika)
Presidente Instrutora do Ashram Sarva Mangalam, do Suddha Dharma Mandalam, Seção Brasileira.
suddha@uol.com.br


http://www.revistasextosentido.net/news/nascimento-vida-doutrina-e-morte-do-senhor-krishna/

DANCANDO COM KRISHNA

A PROMESSA DE KRISHNA A ARJUNA


  1. A Promessa de Krishna
  2. Um dia, há milhares de anos, Krishna e Arjuna caminhavam em silêncio pelo alto de uma montanha apreciando a paisagem que se descortinava na extensa planície abaixo.
  3. Os olhos do Senhor brilhavam e poderia se dizer que o azul do céu estava neles. Parecia que as miríades de estrelas do universo habitavam aquele olhar sereno, e ao mesmo tempo, divertido como o olhar de uma criança travessa.
  4. Ele voltou-se para o seu discípulo-arqueiro e disse-lhe: "Narananda,* os homens carregam o esplendor divino em seus olhos, mas permitem que as hordas inferiores de seus dramas tome posse de suas vidas e os levem ao reino do caos.
  5. O resultado disso é a guerra e a miséria. Em lugar do brilho, eles portam um ar de tristeza e sentem-se abandonados pelos céus.
  6. Na verdade, eles foram abandonados por eles mesmos. Esqueceram do Supremo que habita em seus corações e entregaram-se às emoções grossas. Permitiram que as ondas trevosas de seus egos chegassem às praias secretas do coração.
  7. Veja, os seus olhos estão opacados pela tristeza. Parecem seres deserdados da divindade, mas isso não é verdade. Continuam sendo crianças divinas e cheias de potencial criativo.
  8. Meu amigo, eles olham para as estrelas do céu e sentem saudades, mas não percebem as estrelas que brilham nos céus de seus corações. Esperam pela vinda de algum salvador celeste que lhes oriente na jornada e diga-lhes o que fazer, mas não são capazes de acessar as vibrações miríficas que as hostes celestes derramam continuamente sobre eles a partir dos planos sutis.
  9. Ah, homens da Terra!
  10. Falam de perdão sem perdoar. Brincam de amar sem amor. Falam do Supremo com suas bocas tristes e pretendem aprisionar o Divino em seus dogmas violentos.
  11. Observam os defeitos alheios e por isso não percebem o tamanho do próprio rabo arrastando-se pelo solo de seus dramas. Parece que se acostumaram à semiconsciência e a inércia consciencial.
  12. No entanto, apesar de tudo isso, ainda são crianças divinas. O tempo lhes orientará na jornada da experiência e eles crescerão em inteligência e amor. São eternos e são amados pelo Céu mais do que imaginam.
  13. Narananda, Eu os amo incondicionalmente e estarei com eles em todo o tempo de sua jornada na Terra e mais além...
  14. Nada poderá afastar-me deles, nem mesmo as suas ingratidões ou os seus gritos de tristeza descabida. Minhas hostes de trabalhadores invisíveis estarão aportando continuamente as luzes espirituais nos caminhos daqueles que batalharem por dias melhores na existência de todos.
  15. Muitos de meus trabalhadores reencarnação sucessivamente na crosta do mundo e espalharão as luzes do esclarecimento espiritual. Eles serão portadores de clarinadas luminosas e despertarão a muitos outros em suas tarefas.
  16. Meu caro, prometo-lhe que nunca deixarei de abraçar invisivelmente a humanidade. Enquanto os homens não despertarem, Eu estarei viajando com eles dentro do coração espiritual. Eles não perceberão minha presença, mas tocarei a minha flauta e alguns escutarão lindas canções enquanto trabalham no despertar. Outros perceberão a minha dança e o meu sorriso amparando-os sutilmente na jornada.
  17. Você também entrará na roda reencarnatória e servirá aos seus irmãos em meu nome. Viajará com eles por várias vidas, como homem igual e simples, lado a lado, e entregará os frutos de seu labor a Mim, o senhor de sua vida e mentor de seus propósitos.
  18. E quando o seu coração for preso pela angústia e pela solidão, lembre-se do meu sorriso. Em qualquer situação estranha, pense em Mim. Quando você ver o cadáver de uma criança morta ou de um ancião, pense em Mim.
  19. Você sabe: o espírito não nasce nem morre, apenas entra e sai dos corpos perecíveis. Que fogo poderá queimar o eterno? Que água poderá molhar a estrela divina? Que morte poderá matar a consciência espiritual, que não tem idade ou forma e pertence a eternidade?
  20. Ao ver os cadáveres dos homens estirados nos campos de batalha ou nos lugares sitiados pela fome, pense em Mim. Eu abraçarei aqueles que partirem na jornada final e os guiarei pelo reinos espirituais da paz imperecível.
  21. Arjuna, onde você estiver orando pelo bem dos homens, aí Eu estarei. Confia no dharma que estou lhe dando e siga trabalhando sem jamais fraquejar diante da incompreensão humana. Eles ainda são crianças, mas despertarão!

  1. Produzido por: Grupo de amigos estudantes gnósticos http://br.geocities.com/gnose_granderebeliao

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Hare krsna Hare krsna
krsna krsna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare

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